segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Peritos utilizam conhecimentos da cinemática e dinâmica para determinar a velocidade de Porsche que matou advogada em São Paulo


O Fantástico apresentou neste último domingo, dia 2 de outubro, uma reportagem sobre um caso que chocou o Brasil: o acidente entre um Porsche e o carro de uma advogada, que morreu na hora, numa rua de um bairro nobre de São Paulo. O Fantástico teve acesso, em primeira mão, ao laudo técnico.

Graças a uma imagem muito rápida, de menos de um segundo, exibida em câmera lenta, é possível ver claramente que se trata de um carro em alta velocidade. É um Porsche, dirigido pelo engenheiro Marcelo Malvio de Lima, de 36 anos.

A partir dessa imagem, o Instituto de Criminalística de São Paulo conseguiu calcular a velocidade do carro, momentos antes do acidente que levou à morte a advogada Carolina Cintra Santos, de 28 anos.

Essa informação consta do laudo obtido com exclusividade pelo Fantástico. Com 28 páginas, ele foi entregue para a polícia e para os advogados de defesa e de acusação, dois meses e meio depois do acidente. Com base nesse documento oficial e no relato de testemunhas, o Fantástico reconta como foi a colisão.

Na madrugada do dia 9 de julho, na Rua Tabapuã, no bairro do Itaim Bibi, região nobre da capital paulista, o Porsche acelera. Em outro carro, modelo Tucson, Carolina segue sozinha por uma rua transversal, a Bandeira Paulista.

Os peritos não encontraram vestígios de que o Porsche tenha freado ao ver o carro da advogada cruzando lentamente o sinal vermelho. A colisão é tão violenta que o Porsche chega a tirar a Tucson do chão e gira 180 graus.

“A Tucson foi arremessada. Ela voou. Não há sinais de arrasto no local”, diz o delegado Noel Rodrigues de Oliveira Junior.

De acordo com o laudo, depois da colisão, os carros se deslocaram 18 metros. A Tucson ainda bateu em uma árvore, e ficou prensada em um poste.

Para ter informações sobre a velocidade do Porsche, foi usada a imagem da câmera de segurança que fica em uma empresa e filmou o carro de Marcelo Malvio de Lima, 29 metros antes do cruzamento. Os peritos descobriram que nesse ponto, em frente à empresa, o carro do engenheiro percorreu cerca de 11 metros em menos de um segundo. Com esses dados, a perícia calculou a velocidade do Porsche quando passou em frente à câmera: 116,64 km/h.

Mas o laudo faz uma ressalva: a câmera é de baixa resolução e há distorções na imagem. Por isso, foi definida uma margem de erro de cerca de 20%, para mais e para menos. Ou seja: a velocidade do Porsche, 29 metros antes da batida, pode ter variado entre 92 km/h e 141 km/h.

O laudo não consegue precisar a velocidade no momento exato da colisão. O advogado da família da vítima, Claudio Daólio, critica: “É um laudo um tanto simplório, na medida em que ele tem uma variação muito grande de conclusões”.

Para o defensor do dono do Porsche, o laudo é favorável. “O laudo é amplamente favorável ao meu cliente. Ele estava em uma velocidade acima da velocidade permitida, porém, muito aquém dos 150 km/h que foram irresponsavelmente propalados na primeira fase da investigação”, diz o advogado Celso Vilardi.

“É claro o excesso injustificado de velocidade empregada pelo Marcelo”, afirma o delegado Paul Verduraz.

A Companhia de Engenharia de Tráfego informou que, na Rua Tabapuã, o limite é de 40 km/h, embora, na via, não haja placas alertando sobre essa velocidade.

O Fantástico consultou o engenheiro Renato Orsi, formado pela Universidade Estadual de Campinas, que já fez mais de seis mil perícias particulares e oficiais. Ele analisou, também, outra imagem do Porsche, que não foi usada pelo Instituto de Criminalística.

Na imagem analisada pelo engenheiro, a câmera está a 106 metros do cruzamento. Ele calculou a velocidade nesse trecho, comparou com a da imagem analisada no laudo oficial e constatou que o Porsche acelerava a 2,5 m/s².

Supondo que essa aceleração foi mantida nos 29 metros seguintes até o impacto, e considerando uma margem de erro de 10%, ele chegou a uma estimativa: o Porsche teria batido na Tucson a uma velocidade entre 113 km/h e 138 km/h.

Mas seria possível tornar essa conta ainda mais precisa? Segundo o perito, sim, desde que pelo menos um dos carros seja analisado diretamente. “Esse cálculo seria feito através da análise das deformações, medindo-se o quanto cada carro deformou, o quanto afundou durante o impacto”, conta Renato Orsi.

Isso ainda não foi feito. “Nós pretendemos aprimorar ainda os trabalhos do Instituto de Criminalística pedindo uma complementação desse laudo. Nós queremos saber a exata velocidade no momento da colisão”, garante o delegado Paul Verduraz.

A família de Carolina exige na Justiça uma indenização de quase R$ 1 milhão.

Dados da Junta Comercial mostram que, nove dias depois do acidente, Marcelo Malvio de Lima se retirou de uma sociedade numa empresa de investimentos financeiros. E, um dia depois, ele se desligou de outra firma de que era sócio.

“Para nós, é uma clara tentativa de esvaziamento patrimonial, como forma de evitar o cumprimento da condenação em dinheiro”, avalia o advogado Claudio Daólio.

A Justiça bloqueou os bens do engenheiro. Para Antonio Carlos Muniz, outro advogado de Marcelo, a decisão foi precipitada. “Na realidade, é quase uma sentença. Porque já o deu como culpado, já o condenou”, argumenta ele.

Para ficar em liberdade, Marcelo pagou uma fiança de R$ 300 mil. Ele foi indiciado por homicídio doloso.

Para a polícia, por dirigir em alta velocidade, ele assumiu o risco de matar. Por ordem da Justiça, ele não pode frequentar bares à noite nem sair do país. “O que a sociedade cobra é um rigor no julgamento desses fatos, que faça com que as pessoas pensem antes de adotar condutas como essa”, afirma Verduraz.


Reportagem completa veiculada no Fantástico:






2 comentários:

  1. Olá,
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  2. Oi, gostaria de saber qual a lei física usada para calcular a velocidade do Porsche. Obrigada!

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